O mundo encantado do Zazá Bistrô
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Estava aqui pensando, enquanto virava as páginas para um fim de semana perfumado. Talvez em nenhum outro restaurante do Rio o amor esteja solto e espalhado, entre as pessoas e os sabores, como no oriente relax carioca do Zazá.
Estou chovendo no molhado? Então abra o livro e deixe o sol entrar.
O fotógrafo Sérgio Pagano, nosso Del Piero das lentes, deve ter lambido os beiços diante do parque de diversões para olhos e boca que lhe esperava nas mesas, entre velas, borboletas, fadas e passarinhos, sob o sorriso anfitrião das duas mocinhas da história.
O Mundo Encantado do Zazá Bistrô Tropical (Ed. Tinta Negra, 166 pgs, R$ 89) é o livro de uma casa diferente de tudo o que veio antes, e distinta de tudo que chegou depois.
É vero: desde que os dois compositores viram passar uma garota com a cara do bairro, a um quarteirão dali, não houve esquina com mais bossa do que a de Prudente com Joana, onde meninos e meninas do planeta quebram ao sul para desaguar no Posto 9.
Viajantes
Além de uma coleção de receitas do restaurante que eu e você vamos querer fazer para jantares românticos, ou almoços sorridentes em família, incluindo drinques e comidinhas infantis, o livro também se torna único na narrativa de Isabela Piereck, a Zazá, com a participação da sócia Preta Moysés. O prefácio é da amiga e atriz Fernanda Torres.
“Me chamam Zazá. Às vezes Bela. Nasci Isabela em uma família de viajantes”. E seguem as primeiras 20 páginas com ilustrações, poemas e ensaios fotográficos, onde a história do restaurante é contada em detalhes, com perfil afetivo de cada sócio, seus papéis e relações estabelecidas, os cozinheiros, as festas e os tempos difíceis.
Zazá faz do leitor amigo, antes de abrir a tampa e revelar os segredos de suas tagines.
Especiarias
A lista de receitas começa com palavras de Pablo Neruda e um trio de ceviches lindos de três chefs importantes na história da casa — Checho Gonzales, Pablo Vidal e Lúcio Vieira —, que ensinam bons truques para se ter na manga, como chips de bata-doce, picles de limão, bifun frito e a ‘nage cítrica’, base para ceviches em geral.
Também tem Escondidinho de vegetais com queijo da Serra da Canastra. E Namorado com banana caramelada, palmito salteado e azeite de pimenta. Ou Risoto de beterraba com queijo de cabra brûlée.
A seção Zazá para Filhotes traz quitutes para festas infantis, a exemplo do hamburguinho marciano, feito com pão caseiro de espinafre. E a série de Drinks Virgens e Safadinhos ensina misturas como a chilli tamarindo margarita, salivante, ou a jarra de água aromatizada com frutas.
Registre-se que as receitas de Zazá chegaram lá em casa no momento em que venho pensando cada vez mais em levar o Oriente para a cozinha. Não demora a ficar com as páginas cheirosas de gengibre, capim limão, anis estrelado, raiz forte, sementes de coentro… Vou já providenciar o nam pla.
Para a estreia, desci no mercado e me inspirei: