A gordura boa do Biscoito Globo – Boca no Mundo
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10 de maio de 2016

A gordura boa do Biscoito Globo

Eu não sei se vocês estão carecas de saber, mas eu não sabia e tive uma grata surpresa outro dia, quando compramos uns pacotes de Biscoito Globo lá na Rua do Senado, onde a fábrica funciona desde os anos 1960, e li os ingredientes na embalagem, porque tenho mania de ler os ingredientes nas embalagens: polvilho azedo, água, ovos, leite, sal, açúcar e gordura… de coco!

Explico o ponto de exclamação: há coisa de dois ou três anos, quando estive na fábrica conhecendo a produção, em matéria para o jornal O Dia, presenciei o momento em que um tonel de gordura hidrogenada líquida, a hoje temida gordura trans, era despejado na massa. E isso nunca foi escondido de ninguém, a embalagem estampava: polvilho azedo, água, ovos, leite, sal, açúcar e gordura trans.

Lembro de uma amiga dizendo que, quando soube da fórmula do biscoito, havia vetado seu consumo para o filho, e nosso querido Globo ganhou por aí certa fama de vilão. Como se fosse ele, esse crocante elemento da cultura e da identidade cariocas, companheiro inseparável de praias e maracanãs, pura alegria em pacotinhos, como se fosse ele que estivesse nos matando.

Acompanhe nossa visita à fabrica e conheça o processo de fabricação do Biscoito Globo

Coqueiro Amigo

Mas vamos em frente, porque agora #asnutri têm motivos para um olhar diferente. A gordura de coco, como hoje se sabe graças a uma brilhante cientista e pesquisadora norte-americana chamada Mary G. Enig, é uma gordura saturada (sim, sa-tu-ra-da) promotora da saúde, fortalecedora da imunidade e antioxidante, apenas para começar uma extensa lista de benfeitorias.

Foi Mary, aliás, que disse ao mundo pela primeira vez que o veneno não estava na carne, no leite, nos ovos, na manteiga ou nos alimentos integrais consumidos há milênios, mas na hidrogenação da gordura inventada em laboratório. Foi boicotada e ameaçada de todas as formas pelos gigantes do setor alimentício nos EUA, e morreu deixando um legado de inteligência valioso para ajudar o homo sapiens a sobreviver no mundo atual.

Inventor e dono do Biscoito Globo, o sr. Milton Ponce não leu Mary G. Enig, mas está satisfeito com a aquisição, ou melhor, o retorno do óleo de coco à fórmula de seu produto. Pelo visto, acompanhando os eventos do último século, a gordura trans foi apenas uma derrapada na trajetória das estimadas roscas de polvilho.

Liguei para o Milton e ele contou: “No início utilizávamos a gordura de coco, mas a indústria do sorvete descobriu que era vantajosa e ficamos fora do mercado. Passamos para a hidrogenada, que é bem mais barata, mas conseguimos retornar ao coco. Nada mudou nas vendas, mas o pessoal tem aceitado melhor”.

Segundo o empresário, a mudança de preço na gordura foi absorvida e não repassada ao consumidor. O pacote do Globo está saindo a R$ 1 na fábrica situada na Rua do Senado 273 A, no Centro do Rio (21-2232-3450). Degustemos sem culpa.

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