Luz do Sollar
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Céu azul, que vem até onde os pés tocam a terra. E a terra inspira e exala seus azuis…
“A vida é uma construção de pontes, não é?”, indagou o chef Danio Braga, no brinde frisante do moscato dasti que vigiava a sobremesa: metade de um pêssego robusto recheado com amêndoas e assado, um galho de tomilho refrescando.
No sentido geográfico imediato, imaginei ponte extensa sobre o oceano, entre a Emilia-Romagna, no norte da Itália, e o bairro de Copacabana, onde o cozinheiro fez história num pequeno restaurante chamado Enotria, em 1980.
Dali, outra ponte na década seguinte para o alto da serra de Petrópolis, no verde da Locanda della Mimosa.
E de lá para a Costa do Sol, as rochas escarpadas e o espelho de água azul da Armação dos Búzios, a península do atual recomeço no caminho de Danio.
Leia aqui a entrevista completa com o chef.
Queijo Branco no Litoral
Na mudança de estação — o inverno virou verão —, a natureza permanece matéria prima. O sonho era ter na nova casa uma carta de peixes, mas não é tão grande a variedade que o mar lhe traz pelas traineiras que saem da frente do restaurante.
“Moro lá em cima, nos Ossos, avisto a baía e ouço: ‘tó-tó-tó-tó’. Sei que os barcos estão chegando e vou atrás do pescador”.
O pitangola, peixe da região de carne saborosa e consistente, que o chef considera “o atum branco”, virou ceviche preparado à perfeição na entrada.
Veja aqui a receita, e saiba mais sobre o pitangola.
O peixe é um dos pilares do Sollar. Massa e risotos, outro. Finalmente, o queijo. Mozzarella é o nome do bar.
Fizemos então o ‘Percurso’ do menu, degustação das transformações do queijo branco, em todas as suas etapas. Começando com a Stracciatella, que na salmoura vira a cremosa Burrata.
Mais um tempo de cura e vem a Búfala, que depois, já amarelada, se transforma no Caciocavallo (era transportado no dorso dos cavalos).
Enfim, a Scamorza, que pode ser defumada. Tudo com bons pães e azeites, tomates, azeitonas e folhas de rúcula.
Pêssego assado e recheado com amêndoas:
O prato principal, uma sutil obra-prima mediterrânea. Massa fresca caseira de corte finíssimo com minicubos de abobrinha, camarões em leve caldo amarelo de verdadeiro açafrão, perfumando e tingindo o conjunto (foto de abertura do post).
Vinhos brancos italianos do início ao fim, e o mar refletido em ondulações luminosas no teto.
Finda por ferir com a mão essa delicadeza, a coisa mais querida: a glória da vida…
Menu
As entradas vão de R$ 44 (Ceviche) e R$ 74 (Percurso da mozarela, pedida para quatro pessoas). Entre as massas, de R$ 44 (Tagliolini com mozarela e tomates) a R$ 68 (Lasanha de camarões, alho poró e pesto genovês).
Os peixes vão de R$ 74 (Filé de peixe do dia com molho mediterrâneo, azeitonas pretas e batatas salteadas) a R$ 82 (Camarões VM em crosta de coco sobre purê de banana da terra e maracujá).
O filé de peixe pode vir também laqueado com mel e azeite de especiarias, e servido com tomates confitados e pavê de batata doce com maçãs, a R$ 78.
Os preços são relativos a julho de 2013.
Sollar Búzios. Av. José Bento Ribeiro Dantas 994, Armação dos Búzios (22-2623-5392). Quarta a sábado, das 18h à 0h; domingo, das 12h às 18h.