Roberta’s no Roberta Sudbrack – Rio 450 – Boca no Mundo
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09 de março de 2015

Roberta’s no Roberta Sudbrack – Rio 450

 

Ele apronta em Nova York com sotaque do Brooklyn. Ela faz o Brasil dar certo bordando sabores. O encontro foi nas cores da feira carioca, com a licença poética de jambu e tucupi.

Teve sardinha prateada e quiabo vestido em mármore. Frutas em ciranda e ovas na canjica. Sal de soja e limão negro. Sintonia fina em duas cabeças.

“Não conhecia nada, saí provando de tudo nas barracas e tendo ideias”, disse Carlo Mirarchi, atencioso, elétrico e feliz após o jantar que abriu as comemorações pelos 20 anos de carreira de Roberta Sudbrack, dez no restaurante do Jardim Botânico.

Sardinha e jambu:

‘Roberta’s no Roberta’ foi o nome do evento que trouxe ao Rio o chef da Roberta’s, pizzaria badalada no Brooklyn, e do vizinho e estrelado Blanca, onde Carlo serve 12 pessoas por noite.

Concerto

O primeiro prato foi dele: Sardinha com caldo de jambu. Degraus de sabor em apenas um pequeno retângulo macio, intenso. Defumado? Marinado? Amanteigado na língua, que riu quando o jambu fez cócegas, refogadinho por baixo.

Ganhou nas taças o espumante nacional Vallontano Brut, e a noite começou por cima.

Quiabo, lardo, broa, salsa:

Atualizando a homenagem ao verdinho comprido que virou manchete em suas mãos, Roberta veio com o quiabo defumado em véu de lardo, a lâmina transparente da gordura suína italiana que é curada, pela tradição, em caixas de mármore de Carrara.

E havia bolinhas do quiabo que explodiam, e havia farofinha crocante de broa, a salsa frita em arbusto, tons de floresta, criação no grau máximo da escala Sudbrack de sabor.

Ganhou nas taças o francês Cadets de Gournier Barnouin 2013, de Cevenne.

Frutas, tucupi, limão negro:

E veio a bela surpresa de Carlo, brincando em nosso pomar e afirmando que a acidez é negra: uma salada de frutas no caldo de tucupi, de pegada cítrica entre folhas pequenas de manjericão, conjunto pintado de farelos negros de casca de limão desidratada. O tal ‘black lemon’, a descolar sabores do prato.

Ponto alto da combinação na taça, com o corpo e o perfume cítrico do francês Muscadet Sur Lie Doumaine Soupin 2010, do Loire.

Em seguida, o prato que poderia consistir apenas no contraste amoroso de canjicas e ovas de salmão, feitos um para o outro pelas mãos da anfitriã casamenteira. Mas no meio do caminho tinha um lagostim, sob fina telha crocante. Sorte do dia.

Leitão, atemoia, sal de soja:

Se o Chateau La Gatte 2010, branco de Bordeaux, sofreu para segurar a força marinha das ovas,  o vinho português Frei João, da Bairrada, recebeu de braços abertos o Leitão assado com sal de soja e atemoia.

Prima em primeiro grau de fruta do conde, e cunhada da graviola, a atemoia tem polpa branca consistente, doce e de acidez sutil. Pintou em cubinhos, amparando com generosidade a carne macia e a pele crocante do jovem porco.

Café com Leite

E veio a sobremesa que levou a plateia às melhores lembranças cotidianas de cada boca, através da imagem que a cozinheira guarda de seu avô nas madrugadas, mergulhando o pão dormido da manhã na xícara de café com leite bem doce, e comendo de colher antes de adormecer.

Sopa de pão doce do meu avô:

A ‘Sopa de pão doce do meu avô’ recria a cena com brioche, doce de leite, cachaça, leite queimado desidratado e creme inglês.

Nas taças, o espumante Moscatel Vallontano, acrescentando bolhas ao parque de diversões.

Apesar da generosidade, Roberta não conta todos os segredos. Desconfio que ela às vezes tira de um potinho, no fundo do armário, algumas pitadas de um tal pó de pirlimpimpim…

PS. As fotos foram pescadas da página da Roberta no Facebook.

PS1. O próximo jantar de comemoração dos 20 + 10 anos de RS será no dia 31 de março. Ao lado de Roberta, Claude Troisgros.

Roberta Sudbrack. Rua Lineu de Paula Machado 916, Jardim Botânico (3874-0139). Terça a quinta, das 19h30 à 0h; sexta, das 12h às 15h, e das 19h30 à 1h; sábado, das 19h30 à 1h. Aceita cartões Mastercard.




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