Humaitá pra peixe e chuchu – Boca no Mundo
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21 de abril de 2013

Humaitá pra peixe e chuchu

E olha o chuchu aí de novo, aquele que tanto ‘bullying’ já sofreu pela suposta falta de personalidade. Alguns anos depois do verde surpreender defumado em coleção de Roberta Sudbrack, foi o Pedro de Artagão que criou, no Irajá Gastrô, duo inédito e expressivo de chuchu refrescando prato de bacalhau.

Ele aparece em ‘juliana’ fina, saladinha ao vinagrete onde se notam micropontos de pimenta vermelha, por cima do peixe, e ao lado num ‘fondant’: “São mais de duas horas regando em manteiga e caldo”, diz Pedro.

A transformação faz do chuchu novo objeto de desejo. O bacalhau é apenas grelhado, preservando o colágeno que vai embora quando o peixe é confitado em azeite, segundo o chef. Por baixo de tudo, um creme de alho doce, elemento essencial que une o conjunto.

O ‘gazpacho’ verde que é pura pimenta cambuci e azeite, pontuado de ervas distintas e prensadas em ‘pastilhas’ redondas de maçã verde (salsa, hortelã, manjericão, tomilho, coentro…), e alguns pingos de coalhada seca, me arrisco a dizer, é um dos pratos mais interessantes e bem acabados em cartaz na cidade. Ou seja: gostoso demais.

Um mergulho em coleção de perfumes frescos e equilibrados, notas de sabor em harmonia, belo em seus tons sobre tons. Homenagem à pimenta brasileira que costuma fazer sucesso recheada.

No quesito boi, o Oswaldo Aranha de Artagão é, para começar, como disse um amigo: “Bife Black Angus no sous vide (cozimento no vácuo) não precisa de mais nada”.

É selado na frigideira e servido sobre creme de arroz branco que é espécie de polenta fina feita com farinha de arroz, ao lado de farofa crocante que leva pedacinhos de batata. Tudo vem junto nas garfadas, como acho que deve ser devorado o Oswaldo tradicional: farofa, batata, alho e arroz em mistura molhada nos sucos da carne (preciso dizer mal passada?).

De sobremesa, fazendo companhia ao famoso bolo de chocolate quente com creme inglês, apareceu um pudim invertido, sem desenformar, com textura mais cremosa e calda queimada no estilo ‘brulée’.

Samambaias

Gosto de ir ao Irajá no almoço, pedir entrada, principal e uma tacinha de vinho, e sair feliz para trabalhar. São poucos os restaurantes de gastronomia ‘autoral’ e contemporânea, do mesmo nível, que abrem de dia. A luz entra pela claraboia no teto e sobre a parede de samambaias e bromélias, deixando o salão especialmente agradável.

A simpática reforma feita no casarão do restaurante criou dois ambientes distintos – o primeiro com pé direto alto, bar, poltronas e sofá coloridos de design – e fez o cliente passar ao longo da cozinha aberta e com panelas no fogo antes de chegar à mesa.

No café, uma entrevista com Pedro de Artagão sobre seu trabalho na Rua Conde de Irajá, cada vez mais associada à gastronomia.

Entradas a partir de R$ 20, como o Gazpacho de pimenta cambuci, maçã verde e ervas. Segundos a partir de R$ 45, como o Irajá Burguer: carne Black Angus, queijo minas padrão, cebola confit, compota de bacon e fritas caseiras. O Bacalhau com alho doce chuchu em dois caminhos sai a R$ 78. O menu degustação Experiência Irajá custa R$ 180.

Os pratos fotografados correspondem à porção menor, para degustação. Os preços são referentes a abril de 2013.

Irajá Gastrô. Rua Conde de Irajá 109, Botafogo (22461395). Segunda a quinta, das 12h às 15h30; e das 21h30 à 0h; sextas, das 12h às 15h30; e das 19h30 à 01h30; sábados, das 12h à 01h30; domingos das 12h à 0h. Aceita todos os cartões.




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