Eu sou da América do Sul – Boca no Mundo
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08 de agosto de 2014

Eu sou da América do Sul

 

Soy latino americano, e nunca me engano. Do Peru salto de banda pelos Andes, saboreios Chiles e Argentinas, desbravo Bolívias e Colômbias. No rastro do guerreiro Tupac, que faz da lança seus talheres e brinca de misturar.

São mariscos, pescados, parrillas e pimentas. Ervas, raízes, tomates e tubérculos. Frutas, pimentas, escabeches e aiolis. Chutneys, pestos, purês e infusões. Sobretudo molhos, distantes do lugar comum.

O restaurante de Ipanema é obra recente do peruano Marco Espinoza, chef talentoso e ‘hiperativo’ que levou a culinária contemporânea do Peru à Brasília, no premiado Taypá, e de lá fincou sob o sol carioca seu Lima Restobar, abrindo em seguida o El Chalaco, lojinha de comida rápida no Baixo Leblon.

Com Que Roupa?

Cheguei gripado, pedi algo leve para provar a coquetelaria local, o barman argentino Agustin Montes me enviou o clericó da casa, com purês de lichia, manga, morango e goiaba, vinho chardonnay e gelo de água de coco.

Com o charme de um ramo de hortelã preso no copo com minipregador de roupa, era o que corpo e espírito precisavam para a degustação de entradas e petiscos.

O percurso adorável começou com uma sequência de ceviches onde o permanecemos no pomar: o de atum com frutas como goiaba e manga é rei.

Ao escolher figurino para ‘causar’, as vieiras chegaram vestidas em biscoito de katsuobushi (lascas secas de atum), com purê de alho, algas nori e wakame, no molho ‘nikkei’.

E as ramas de bacalhau são bolinhos compridos, como charutos, com pote de espuma cítrica apimentada, um daqueles molhos que a gente raspa o tacho.

Porco, Baroa e Feijão

Na festa das texturas, o tartar de filé ganhou contornos inesperados num ‘planeta’ de pedra negra: a carne em formato oval, revestida no molho cremoso de queijo grana padano, com rastros de figos em compota, nozes e creme de vinagre balsâmico.

O crocante de pato é um pastel triangular em massa semelhante a do harumaki, recheado com escabeche de pato e pintado por colher de chutney de abóbora, laranja e pimenta dedo de moça (sempre uma palavra mágica para mim).

O sanduba Porteño é feito de assado de tira em cinco horas no forno, desfiado no pão de cebola com maionese de morcilla (outra palavra encantada), molho chimichurri e chips de inhame no estilo ‘é impossível comer um só’.

Ao final, um ‘PF’ distinto na seção de pratos me foi oferecido: barriga de porco em pururuca com batata baroa glaceada, feijão preto doce, terra de bacon e molho de pimenta panca. Vai perguntar ao macaco se ele quer banana?

Los Hermanos

O trabalho de Marco Espinoza no Rio é um presente à cidade, que há poucos anos sequer possuía uma cevicheria, ou peruano contemporâneo para chamar de seu. E isso inclui a formação de uma rede de cozinheiros latino-americanos que o chef importa de cozinhas pelas quais já passou.

Além das louças, taças, cerâmicas e quadros belíssimos que vieram do Peru para o Tupac, pilota os fogões uma equipe de peruanos, argentinos e chilenos.

Espécie de Copa América onde a mordida não apenas é permitida, mas altamente recomendada. Decime qué se siente.

Investimento: Partos principais em torno de R$ 65, petiscos por volta de R$ 42, e drinques a R$ 23. Preços relativos a agosto de 2014.

Tupac. Rua Aníbal de Mendonça 132, Ipanema (3592-4941).  De segunda a quinta, das 12h às 16h, e das 19h à 0h (sexta até 1h); sábado, das 12h à 1h; domingo, das 12h às 23h. Aceita todos os cartões.




Nossa Casa

 

Se você não faz fotossíntese, veio ao lugar certo.

 

Boca no Mundo é o blog do jornalista Pedro Landim.

 

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