Pintura de paladar – Boca no Mundo
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29 de março de 2013

Pintura de paladar

O pintor tem alguns bichos de estimação: bacalhau, cordeiro, coelho e pato. E uma base para a vida no mercado: vinho e ervas. Diz que sua cozinha é de colono, boa definição. Penso em terra e lenha queimando. Comida, cultura e festa. Brasil, Itália e Portugal.

Vide a punheta de bacalhau, entrada para o peixe viajante que abandona o berço lusitano e parte atrás de saliva, acidez e personalidade. É feita com lascas do lombo do bacalhau ‘assustadas’ na frigideira, e leva tomates-cereja, cebola roxa, coleção de ervas frescas e limão siciliano.

Marcelo Barcellos combina cores em panelas e telas. Do cardápio à parede, o Barsa tem novidades como as pinturas de um chef cheio de ideias e movimento.

Provando as bruschettas de bacalhau, que mantêm a base de tomate-cereja, mozarela de búfala e manjericão, com o refogado do peixe por cima, aprovei também ideias ventiladas, como exposições de arte nos corredores do Cadeg, e outros eventos culturais sobre a gastronomia do (cada vez mais) Mercado Municipal do Rio.

Das panelas, vem aí mais um campeão de audiência: o angu mineiro que vigia a galinha ao molho pardo vai pintar em novas praias, recebendo por cima ragus de cordeiro, pato ou coelho.

Aproveitando ícones como a paleta, o arroz de pato com liguiça portuguesa e o bourguignon de coelhinho (acima) que é de sair pulando atrás, cozido no vinho com bacon magro, pequenas cebolas, cogumelos e pefume de várias ervas. Vem na panela de pedra sabão em três tamanhos.

Pescoço no Porto

Se o Bacalhau Rei são postas do ‘gadus mohua’ com batata de casquinha crocante, couve e cebola cozidos na água do peixe, ovos cozidos, alcaparras, azeitonas pretas e alho frito, o lombo do bacalhau será em breve servido ‘avulso’, apenas com pão e vinho para o petisco, fechando a lente nas delícias do mercado.

E onde mais podemos comer um ‘ossobuco’ feito com o pescoço do cordeiro, com colherzinha e tudo para descobrir o interior? A carne desfia no vinho do Porto, com mix de cogumelos, arroz de castanha e o contraste da banana assada no vinho branco.

Nos finalmentes, o café leva toque de farinha de amêndoa torrada no pó, servido com pau de canela para mexer. Com doces caseiros na sobremesa: banana, mamão verde, abóbora e leite.

As taças de vinho são garrafas de 175ml abertas na mesa, e a rolha é de honestos R$ 20, incentivando o garimpo nas lojas do Cadeg. Algumas delas já abertas no domingo, inaugurado pelo Barsa com a roda de chorinho que compõe um dos melhores programas da cidade.

Às vezes, números impressionam. A casa do Marcelo serve, por baixo, meia tonelada de bacalhau por mês. E utiliza 600 litros de azeite extra virgem na cozinha. Seja qual for o resultado da equação, é papo de sabor elevado ao cubo.

Visite agora o Dona Mena, a ‘cozinha de saudade’ do chef Barcellos no Cadeg.

E abra a porta para o paraíso do bacalhau em Niterói.

Barsa. Rua Capitão Félix 110, Rua 4, Benfica (2585-3743). De seg a qui, das 12h às 16h; de sex a dom, das 12h às 17h. Aceita todos os cartões.




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