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28 de outubro de 2013

Meu Brasil brasileiro

Goiabada com queijo é um clássico tão importante que foi batizado com nome de peça de Shakespeare. Mas você pode comer goiabada com presunto e achar a melhor coisa do mundo. Porque o mal nunca entrou pela boca, já cantava Pepeu Gomes: porque o mau nunca entrou pela boca do homem.

Aí é que está a graça da gastronomia. É um caso raro de território onde as leis existem para ser desrespeitadas, sem que isso cause prejuízos a ninguém.

A harmonização é caso exemplar. El maridaje, diz o espanhol. The marriage, sugere o inglês. O casamento, pergunto eu: quer igreja, véu e grinalda? Beleza pura.

Só não me peça a receita da felicidade. Porque ela pode estar na relação aberta. Às vezes, o encontro de apenas uma noite entra para a história.

Feliz Paradoxo

Assim como a combinação entre seres humanos, aquela entre vinhos e comida tem por princípio a contradição. E a feijoada está aí para dissolver tentativas de guardar a alegria no manual.

Ela mesmo, reunião de coincidências e oposições. No prato completo, herança portuguesa com aromas de índio e África.

Um cítrico de laranja lustrando o torresmo. A carne seca e seus sais no alvo amparo do arroz. Costelas e paios em tinta negra. Farofa que abraça caldo, couve para refrescar e todo mundo festejando com pimenta.

E agora, Baco?

Bolhas Para Toda Obra

Certo sábado, o prato brasileiro veio em templo da música brasileira, regado a vinhos nacionais. Na casa que adentra a pedra em morro da Urca, palco do Instituto Cravo Albin, o craque Marcelo Copello apresentou a tarde maravilhosa que marcou o penúltimo dia do Rio Wine & Food Festival.

Nascidos na Serra Gaúcha e perfilados na mesa em toalha de renda, os pretendentes:

1 – Miolo Cuvée Giuseppe 2011 (Merlot/Cabernet Sauvignon), tinto de Bento Gonçalves com a D.O.C. do Vale dos Vinhedos.
2 – Aurora Merlot Reserva 2012, tinto de Bento Gonçalves.
3 – Salton Desejo 2008, tinto 100% merlot de Bento Gonçalves.
4 – Salton Gerações 2009 (Cabernet Sauvignon/Merlot/Cabernet Franc), tinto de Bento Gonçalves.
5 – Perini Fração Única Chardonnay 2011, branco da Farroupilha.
6 – Pizzato Brut Champenoise (Chardonnay/Pinot Noir), espumante brut, método champenoise, de Bento Gonçalves.
7 – Bueno Cuvée Prestige (Chardonnay/Pìnot Noir), espumante brut, método champenoise, de Garibaldi.
8 – Aurora Brut Rosé (Pinot Noir/Riesling Itálico), espumante rosé brut, método charmat, de Bento Gonçalves.

Invasão das Bolhas

Era um daqueles dias cariocas quentes e nublados, anunciando chuva mas com possibilidades de sol. Entrei duas vezes na fila do feijão e provei todos os vinhos em pequenos goles, enquanto os Novos Baianos cantavam nas caixas de som: “Besta é tu, besta é tu…”.

Os merlots e cortes nacionais da ponta de cima da pirâmide das vinícolas, de corpo médio com muita fruta, acidez e madeira aparente, não se intimidaram diante do prato. Mas senti falta de inverno e frio para o enlace, aquele abraço gostoso, um cheiro no cangote…

O branco de cítricos e barrica sobrando até agradou nos primeiros goles, com petiscos na entrada, mas foi sublimado pelas bolhas que vieram por todos os lados.

Isto posto e noves fora, meu vinho da tarde, que acabou subindo ao altar de braços dados com o feijão gordo, foi o espumante Aurora Brut Rosé. Com acidez, frutas, frescor e muitas bolhas para lavar e fazer cosquinhas na boca que teimava em salivar.

E você, como prefere sua taça ou copo na feijoada?




Nossa Casa

 

Se você não faz fotossíntese, veio ao lugar certo.

 

Boca no Mundo é o blog do jornalista Pedro Landim.

 

Um lugar para quem adora comer, beber, cozinhar, e falar de comida.

 

Sejam muito bem-vindos.