Uma linguiça chamada Croc
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Os espanhóis do norte, célebres cozinheiros e comilões que povoam o País Basco, a chamariam de ‘pintxo’ (na grafia local), reunião certeira de sabores espetados no palito. Feitos para dividir, naquele estilo onde todo mundo mete a mão na cumbuca e se estabelece o compartilhamento de rangos e ideias que define botequins e seus parentes ao redor do mundo.
Acertou quem disse Linguiça Croc, e não é pequena a legião de fãs desse petisco do Enchendo Linguiça que figura na primeira página da antologia carioca do gênero. O que pouca gente imagina é que a ideia nasceu num jantar de luxo em Portugal, nem tão distante das citadas terras espanholas. Mais precisamente nas mesas do Four Seasons, restaurante do hotel Ritz.
A convite de um amigo que lá trabalhava, Fernando Breschnik – mentor do bar que fabrica seus próprios embutidos no Grajaú – encantou-se com uma entrada típica da chamada alta gastronomia.
“Era uma trouxinha feita de batata, em formato perfeito, e dentro havia um ovo de codorna com a gema mole, que estourava na garfada”, lembra Fernando. “Fiquei com aquilo na cabeça e comecei a imaginar um petisco envolto em batata”.
A linguiça, naturalmente, foi a solução que acabou abraçada pelas lâminas da batata passada no fatiador, fechada com palitos antes do mergulho na fritadeira – há versões suína e de frango. As Croc surgiram no Comida di Buteco de 2009, faturando a terceira colocação – embora sejam mais adoradas (e copiadas) do que muitos dos campeões.
*Texto também publicado no site Alma de Bar.