Shake Speakeasy e a Perua nos drinques com cerveja
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Houve um tempo e um lugar onde encostava-se nos balcões malocados para fugir da polícia na hora sagrada do mé, diria o ídolo Mussum. Hoje o refúgio é de prazer semelhante e objetivo distinto, embora igualmente nobre: escapar às vibrações do Centro nervoso do Rio e relaxar o corpo, a mente e os olhos onde menos suspeitávamos encontrar um oásis de (muito) bons drinques com a alma de autêntico ‘falamansa’.
That’s Shake Speakeasy, man. Walter Garin é o nome da subversão. O mixologista que inventou um mundo de fantasias alcoólicas intimistas em plena sobreloja do Terminal Garagem Menezes Côrtes – a princípio, um dos lugares mais desprovidos de charme da América Latina.
É claro que o movimento da qualidade já estacionou por ali desde a abertura do Curto Café, lanchonete de cunho revolucionário, e a chegada posterior da Perua da Cerveja, pequena grande loja de fermentados de grãos maltados. A melhor ideia, aliás, é usar os três estabelecimentos no mesmo dia e voltar para casa em modo anjo feliz no Metrô.
Arsenal do Sabor na Torneira
Mas vamos por partes, e a parte que agora nos toca envolve proveitosa parceria entre Walter Garin e o sommelier de cervejas Gil Lebre, motorista da Perua. Que Eliot Ness não me ouça, mas outro dia testemunhei elemento suspeito deixando a loja com a proveta sob a jaqueta, contendo alguns mililitros de chope fresco que sumiu por trás das cortinas vermelhas que ocultam o Speakeasy.
Disfarçado de entregador de pizzas do Curto Café, penetrei no ambiente das garrafas à meia-luz, descobrindo espelhos e móveis antigos entre paredes de tom carmim, a tempo de testemunhar a mágica nas mãos do bartender. Ao som do jazz, a criação vai de acordo com a cerveja que estiver plugada na chopeira da Perua, no momento do pedido.
Ou seja: há sempre algo novo e instigante, com a criatividade de Walter seguindo a imensa possibilidade de estilos que visitam as torneiras do Gil, com lançamentos frescos das cervejarias cariocas.
Drinques com cerveja têm longa história pelo mundo, quem sabe até nos ‘speakeasys’ originais do início do século 20, nos EUA, os bares (quase) secretos onde praticava-se o sagrado prazer das bebidas alcoólicas durante a Lei Seca, o maior fracasso legislativo da história. Mas não se tem notícia de outra época em que os balcões tivessem à disposição o arsenal de estilos e sabores de hoje em dia.
IPA, Imperial Stout e Sour
No Instagram do Shake Speakeasy estão todas as criações da série, como o recente Crazy Head, feito com cachaça Magnífica envelhecida, amaretto, Bitter Martini, suco de limão siciliano e a cerveja Bioma, uma Russian Imperial Stout com baunilha do cerrado e castanha de baru, parceria das cervejarias 2cabeças e Dádiva.
No dia da visita, relaxei sem disfarce ao degustar os recém-criados Dead Old Monk, que leva cerveja IPA (Dead Shot Monk, da Hop Lab), cachaça Magnífica envelhecida, Aperol, Bitter Martini e limão siciliano; e o Lalá Muricata, de cerveja sour com graviola (Gravioh-La-La, da Overhop), espumante, cachaça Magnífica, cordial de menta, limão siciliano, e bitter de cítricos.
Guest Bartender
Curtiu? Então anote: no dia 26 de novembro, o Guest Bartender (noite com convidados), das 18h às 23h, será dedicado aos coquetéis com cerveja e terá a presença da sommelière Francesca Sanci e do Gil Lebre.
A programação de cursos do Shake, dentro do bar, vai trazer o Bartender Hobby (faça drinques em casa), no sábado, dia 10/11, das 14h às 17h. E o Bartender Básico, mais voltado a quem deseja se profissionalizar, nos dias 17 e 24/11, das 12h às 18h. Ligue para mais informações: (21) 2524-4971.
