Che Boludo, as empanadas da Marquês – Boca no Mundo
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08 de janeiro de 2015

Che Boludo, as empanadas da Marquês

 

No quesito empanadas, sou pós-graduado. Além das matadoras de Salta, norte da Argentina, já pratiquei o esporte no El Sanjuanino, em Buenos Aires – a casa justifica a fama – e fucei balcões por onde andei, como boa alma gorda.

No Rio, elas chegaram ao vocabulário com as parrillas de inspiração argentina, ou uruguaia, servidas em restaurantes como Tragga, Gonzalo, Pobre Juan e La Parrilla del Mercado. São todas gostosas, apesar das diferenças.

A massa é às vezes folhada, fina ou espessa, mais ou menos crocante e com recheios que buscam personalidade do cordeiro ao espinafre.

Viaje aqui nas deliciosas empanadas e no cabrito supimpa de Doña Salta.

Antes de descer no horizonte, 2014 deixou no Rio duas empanaderias. Diferentes entre si, embora dedicadas ao mesmo produto.

Discreto, em trecho pouco frequentado da Marquês de São Vicente, na Gávea, o Che Boludo é quase apenas um balcão, no estilo ‘bunda de fora’ — pegando emprestado o termo referente a botequins diminutos, diz a lenda, cunhado por Leila Diniz.

E produz belas empanadas com sabores inesperados como polvo com calabresa (R$ 7,50), a primeira provada em tarde caliente de sábado. Gostosa e equilibrada, traz como surpresa um purê de batata baroa aveludando o recheio.

Conheça aqui o Las Empanadas, outra boa nova, no Leblon.

A de carne picante (R$ 5,60), um clássico, tem recheio de carne moída molhadinha, com lascas de ovo cozido e a pimenta presente como deve ser. O molho de pimenta da casa, aliás, também faz bonito.

No contraste, a de espinafre no bechamel (R$ 6,70) confortou com creme leve e mordida macia. E a combinação de gorgonzola com aipo e ameixa (R$ 7,50) não alcançou as expectativas. Sobrou queijo no paladar, esperava mais da mistura. Questão de gosto.

As empanadas são feitas na parte de cima da loja, massa e recheio, e estão sempre saindo do forno. As ‘gourmets’ têm a massa folhada, e a variedade é trunfo da casa.

Das Uvas

Os vinhos estão no quadro negro, rótulos honestos de brancos e tintos argentinos, rosé francês, espumantes e champagne. Nesse ponto, sou curioso para saber quem é que traça uma empanada no balcão, em prato de papelão, e manda descer uma ‘Viúva’ de R$ 328. De qualquer forma, se alguém quiser me convidar, tô dentro.

Aliás, e a propósito: não tenho nada contra prato de papel, mas o perfil da casa sugere algo melhor para a freguesia, valorizando os bons quitutes exibidos no balcão de vidro.

A taça de vinho custa R$ 18, e pedi um chardonnay que veio estupidamente gelado, felizmente, porque a temperatura da tarde beirava os 38 à sombra. Deveria ter pedido a garrafa, opção de R$ 50 no Latitud 33, o rótulo mais barato.

(Os preços são relativos a janeiro de 2015).

Diga-se (nem tanto) de passagem, o Che Boludo é um empreendimento do argentino Santiago Bebianno, da pousada Casas Brancas, de Búzios, e do Rocka, talvez o melhor restaurante do balneário, embora seja, na prática, um quiosque de luxo à beira mar.

Conheça a sofisticada culinária marítima do Rocka, na Praia Brava.

Las Empanadas

Em plena Dias Ferreira, de parede colada com o bar Tio Sam e invadindo a calçada com suas mesinhas, no melhor estilo botecão (bodegón, eles diriam), daqueles onde se aporta por acaso direto da praia, o Las Empanadas sugere um programa diferente.

Falamos sobre ele em outro post:

Clique para os sabores e as cervejas do Las Empanadas.

Che Boludo. Rua Marquês de São Vicente 188, Gávea (3178-0609). Segunda a sexta, das 12h às 23h; sábados e domingos, das 15h à 0h. Cc: Todos.




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