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10 de outubro de 2017

Mondial de La Bière: 10 lançamentos comentados

Diria Januário Oliveira, um locutor da minha época: “Taí o que você queria”. A alegria de quem gosta de cerveja boa – eu, você e a torcida do Flamengo – começa nesta quarta-feira (11/10),  e vai até domingo no Pier Mauá, nos Armazéns 2, 3 e 4, das 14h às 23h. O Mondial de La Bière está de volta e com ele uma Baía de Guanabara repleta de cervejas de todos os cantos do mundo, com destaque merecido à cada vez maior e melhor produção carioca.

Para facilitar, quem sabe, a escolha no parque de diversões com 158 cervejarias e 1.200 rótulos, segue uma lista de lançamentos comentados de 10 cervejarias do estado do Rio.

Fome? Veja o que você vai comer no Mondial de La Bière

2Cabeças

Provada e aprovada recentemente no evento Repense Cerveja, a Gelato (6,4%) é um dos lançamentos da 2cabeças de prova obrigatória nas torneiras. É uma NE IPA feita em parceria com a cervejaria italiana Canediguerra.

“A gente queria algo que tivesse um pegada do Brasil e da Itália, e surgiu a ideia do Gelato. Achamos que uma NE IPA combinaria melhor com a proposta do sorvete, e escolhemos a goiaba, um sabor brasileiro”, diz Bernardo Couto, cervejeiro e sócio na marca.

“Ela leva bastante trigo e aveia para dar mais textura, além de baunilha para remeter ao sorvete. É uma IPA super aromática, com o cítrico do lúpulo somado ao aroma intenso de goiaba”, define.

RockBird

A cervejaria pescou gíria norte-americana da canção Surfin’Bird, gravada em 1963 pela banda The Trashmen, para batizar a nova cerveja: The Bird is The Word (6,1%ABV). Falamos de uma “New England Brett IPA” ­ – estilo que você não vai encontrar nos guias oficiais.

De coloração amarela e com a turbidez características das New England IPA – bola da vez na comunidade cervejeira carioca -, alia à explosão aromática dos lúpulos norte-americanos, e ao sabor frutado das NE, o ‘funky’ adicional da levedura Brettanomyces.

A cepa ‘selvagem’ que marca a produção de estilos como as Lambic e Sour, gerando perfis de acidez marcante e aromas estranhos ao paladar comum – sabor de “cela de cavalo”, por exemplo – , entra para dar complexidade aos tons frutados.

O resultado aromático, segundo a cervejaria, “remete a abacaxi, maracujá e pêssego, em cerveja de corpo médio, amargor limpo, lupulada e equilibrada”.

3Cariocas

A 3Cariocas é outra que pisa no acelerador para a festa da cerveja, onde estará presente com 16 torneiras de chopes diferentes, sendo oito lançamentos.

Uma das principais apostas da rapaziada, refletindo tendência forte de 2017 em nosso litoral, está na acidez assertiva e na leveza refrescante das chamadas ‘sours’. Cervejas que se enquadrariam no grupo das American Sour Ale, no caso, com a adição de baunilha e frutas.

O trio de rótulos da série Sournilla (5,5% ABV) traz morango, maracujá e laranja com o apoio aromático da baunilha, propostas tropicais que passeiam com bactérias láticas e Brettanomyces – sim, ouviremos muito falar dela no megaevento que abre as portas depois de amanhã.

Botto Bier

A Botto Bier, do mestre Leonardo Botto, retorna à ponto fundamental da carreira do cervejeiro ao relançar a Dama do Lago (8,5% ABV), receita vencedora da primeira edição do Concurso Mestre Cervejeiro Eisenbahn, em 2007.

Produzida no ano seguinte, em edição limitada, pela cervejaria de Blumenau (hoje pertencente à Heineken), a Dama deixou saudades que poderão ser matadas no Mondial.

Com a potência das Belgian Dark Strong Ale, essa moça escura e corpulenta é fiel ao estilo com os aromas que trazem à boca frutas secas e especiarias, com perfil maltado pronunciado em toffee, e a condimentação característica das leveduras belgas – no caso, a Monastery Ale, típica de mosteiro.

Gaspar Family Brew

Como explica o cervejeiro Tomas Gaspar, a nova Gasparator tem como base a receita de Diogo Gomes, seu amigo de infância, de uma Doppelbock que foi bicampeã nacional das Acervas – as associações estaduais de cervejeiros artesanais.

Buscando os contornos clássicos do estilo alemão, Tomas trabalhou com o processo conhecido como ‘decocção’ – separação de partes do mosto, trabalhadas e fervidas à parte antes de retornar ao tanque orginal -, que gera cervejas mais complexas.

“Utilizamos maltes claros e fervura extensa para adquirir coloração e complexidade nos aromas de toffee e caramelo. É uma cerveja potente e complexa, com o álcool presente (8,3% ABV), baixo amargor e corpo médio-alto”, diz Gaspar.

Nota-se a tradição seguida também na imagem do bode no rótulo (bock significa “bode” em alemão), e no sufixo “ator” utilizado no nome da cerveja, como reza a cartilha das Doppelbocks germânicas (lembram da Paulaner Salvator?).

Jeffrey

A cervejaria que traz no rótulo o célebre patinho chega com nove torneiras com receitas do Jeffrey Lab – o ‘laboratório’ experimental da marca, quase todas de estilo livre e utilizando frutas e especiarias variadas. São cervejas boladas em mesas criativas com ótimos chefs de cozinha do Rio e personalidades como o maestro Isaac Karabtchevsky.

Entre cervejas instigantes e bem feitas, vale o destaque para a Jeffrey Sinfônica (6% ABV), pensada pelo maestro. Trata-se de uma Ale que leva na receita caju, castanha de caju, castanha do Pará, folhas de limão kaffir e pimenta malagueta.

É marcante o equilíbrio dos ingredientes em cerveja clara, frutada e muito refrescante, de médio amargor, final seco e condimentado.

Me arrisco a dizer que, se houvesse um prêmio na categoria estande, levando em consideração conceito e produção, a Jeffrey levaria em todas as edições. Entre diversas surpresas montadas em três ambientes distintos, haverá uma experiência sensorial onde o público poderá entrar numa ‘cápsula’ com filmes em 360° e trilha sonora para degustar a cerveja.

“Regidos pelo maestro, os ingredientes representam uma sinfonia no paladar, provando que é possível interligar esses dois universos. A cada gole, você descobre uma nova melodia e entende um pouco a emoção da harmonia diante do Theatro Municipal lotado”, diz Gilson Val, sócio da Jeffrey Brands.

Hocus Pocus

A Hocus Pocus, cervejaria carioca mais comentada do ano, que costuma agregar pequenas multidões no estande à hora dos lançamentos, terá novidades envolvendo a adição de lactose, jogando com textura e sensações de boca: a High on Milk (foto de abertura), representante do gênero Milkshake IPA – American IPA com lactose, mais um ‘estilo’ gestado nos EUA -, e a Rabbit Hole, uma Imperial Stout com com cacau, aveia, coco, coco torrado, nozes negras e lactose.

Sorvete lupulado? Conheça por dentro a Milkshake IPA da Hocus Pocus

Oceânica

O abacaxi é a fruta da vez no tropicalismo da Oceânica, aumentando a extensão do pomar carioca no Mondial de La Bière. E alguém aí falou em Milkshake IPA? Pois é, a Velvet Rainbow além da lactose leva baunilha e suco de abacaxi, devidamente exagerada nos lúpulos aromáticos norte-americanos. O abacaxi também aparece com hortelã na primeira ‘filha’ ácida da cervejaria de Nitéroi: a Eletric Green, uma Berliner Weisse promissora.

Verve, Marmota e Madá

Em ação conjunta de três belas cervejarias da cidade, a Deleite é uma colaborativa cujo nome diz muito sobre a criatura. Uma Stout, ops, “Toffee Stout” com doce de leite, coco queimado e – olha ela aí de novo – lactose.

Three Monkeys

Ao lado de bombas suculentas como o Double Detox (NE IPA), os macacos invertem o jogo e lançam a Cool Lager, uma cerveja leve como são os leves caldos de nossas vidas pregressas.

O ‘veneno’ da lata está no lúpulo Neozelandês Motueka em “dry hopping sutil”, nas palavras dos cervejeiros, com “tons vivos de limão, lima e notas de frutas tropicais”.

Duas Berliner pintarão também na carta da cervejaria, que anuncia a presença de frozens no seu estande. Não é o desenho da Disney, mas também remete à infância. As ‘raspadinhas’ de fruta e gelo são atualizadas com malte, lúpulo, levedura e álcool.




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