Devorando o Pipo
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A diversão está na mesa: descanso de papel cor-de-rosa que faz de petiscos, pratos, drinques e sobremesas estrelas da mesma grandeza à frente do freguês, em leque aberto de influências e ingredientes a provocar dúvidas e água na boca.
Pois ouça um bom conselho, que eu te dou de graça: vá direto à concha. Ou melhor, à ostra que ganhou casinha crocante, empanada em farinha Panko, com maionese de ostras, confit de limão siciliano e cebola roxa. Ostrix é o nome da criança, em macio pão salpicado de algas nori.
Para este e os outros sandubinhas que são as joias do Pipo, servidos em duplas, vale a máxima que provoca todo sanduíche: mostre-me seu seu pão e lhe direi quem és.
O Camarone leva camarão, maionese de gengibre, funcho e abacate. O Cervantes tem pão de leite, barriga de porco, compressa de abacaxi e maionese defumada. E o Mc Pipo é o hamburguinho de fraldinha Angus com queijo Canastra, picles de maxixe e cebola, ketchup de goiaba e mostarda. Por aí vai.
Aprenda aqui a fazer o delicioso ketchup de goiaba.
Pará na Ásia
Se no Oro, à luz do estilo de Felipe Bronze, a ideia é levar os sentidos à lugar desconhecido que fica léguas distantes da ‘culinária da vovó’, eu diria que no Pipo (que é o apelido de infância do chef) a surpresa vem justamente pelo reconhecimento de clássicos da cidade em versões que privilegiam o ato de salivar, se é que os amigos me entendem.
Os pasteis de carne seca com pupunha e pimenta dedo de moça, ou queijo Canastra com alho poró acidulado (azedinho) são leituras belas de uma estrela de boteco. Por sua vez, o porquinho laqueado no gengibre e tucupi visita o sudeste asiático com cheiro no cangote paraense, arroz unido no estilo sushi e ninho de alface, com picles de brotos de feijão.
O caldinho de feijão amigo já criou fama, com espuma de couve no copinho americano, amarguinha e tingindo de verde a colher. A espuma de queijo coalho defumado sai também do sifão para escoltar o aipim frito, que deve ser mergulhado no creme macio e aerado, e acompanha também a paçoca crocante de carne seca com quadradinhos de abóbora.
Do mar, aconselho o arroz de polvo. Ou melhor, o miniarroz cozido em caldo concentrado, com tomate e aioli desenhando sabor, um tentáculo de brinde por cima. É o bicho.
Polvo na cachoeira? Embarque aqui na viagem com arroz de brócolis.
Senhor Sundae
Na área dos drinques, o caju amigo é meu preferido, porque caju é tudo. Uma caipirinha feita com caju confitado, suco de caju, gengibre e cachaça. A Caipi Pipo cura resfriado com limões distintos, rapadura e cachaça. E o Gin Tônico é experiência distinta em copo longo, levando Hendrick’s e maxixe (o primo do jiló) em espécie de conserva de especiarias como anis estrelado.
Na esfera cervejeira, apenas as duas marcas da casa, refrescantes em seus caminhos na alta fermentação. A summer ale é long neck de 355ml, com 4,5% de álcool, e a pale ale chega em garrafas de 600ml, feita com três tipos de lúpulo, maior intensidade e 5,5% no volume.
O capítulo doce traz sugestões que deixam saudade: a palha italiana que é um tremendo brigadeiro coberto de crocantes de biscoito, e o sundae. Que sundae, companheiros. Sorvete, caramelo e flor de sal, minisuspiros e farofinha crocante no copinho americano. Está fácil entre as melhores sobremesas da cidade.
O Pipo deixa a gente com vontade de voltar para se divertir um pouco mais. Eu, por exemplo, ando meio injuriado porque não provei o bife a cavalo com mignon, ‘ovo perfeito’ e miniarroz maluco. Isso não vai ficar assim.
Investimento: o arroz de polvo custa R$ 48, a paçoca de carne seca crocante sai a R$ 39. O caldinho de feijão com espuma de couve a R$ 11. O Ostrix, em dupla, custa R$ 34, o Mc Pipo, R$ 39. Preços relativos a agosto de 2014.
Pipo. Rua Dias Ferreira 64, Leblon (2239-9322). Segunda, das 18h à 0h; terça a sábado, das 12h à 0h; domingo, das 12h às 18h. Aceita todos os cartões.