Confronto de boteco: Heineken x Brahma (2)
Compartilhe:
- Tweet
Não é difícil perceber (mesmo bêbado) o amargor acentuado da Heineken, característica importante de sabor, e uma personalidade que casa melhor com qualquer coisa que se resolva mastigar num botequim. Ainda mais no caso atual do Comida di Buteco, concurso onde o tema é a linguiça.
Em regras básicas de harmonização, o amargor e notas de especiaria ‘lavam’ a gordura da boca, segurando também as pimentas e temperos acentuados. É o que acontece com as linguicinhas de javali da foto, petisco do Bar Palhinha, no Humaitá.
Comida e bebida ficam melhor e, ao contrário do que poderia sugerir o senso comum, a cerveja mais forte acaba pesando menos. Em termos de álcool, por sinal, a diferença é mínima: a Heineken tem 5%, contra 4,9% da Antarctica.
Mapa da Mina
Vale dizer que os bares participantes do Comida di Buteco não são obrigados a servir Heineken, apenas não podem ter contrato de exclusividade com a Ambev. Foi o motivo da saída do célebre Pavão Azul, por exemplo. Pelo que tenho visto, alguns bares apenas acrescentaram a ‘verdinha’ na carta, ampliando a oferta.
Para os interessados nas chamadas cervejas especiais, rótulos importados e de produção artesanal para harmonizar com os quitutes do concurso, vale ficar de olho no quinteto formado por Boteco Carioquinha (Lapa), Bendhito (Tijuca), Imaculada (Gamboa), Da Gema (Tijuca) e Rio-Brasília (Tijuca).
Os dois primeiros são templos cervejeiros do Rio, e o Imaculada também faz bonito na carta.
Mercado Aquecido
Com produção anual de 121.800.000 hectolitros de cerveja, a Heineken é a terceira maior cervejaria do mundo, ficando atrás da belgo-brasileira InBev e da sul-africana SABMiller. No Brasil, em 2010, a Heineken comprou a Femsa, dona das marcas Kaiser, Bavaria, Xingu e Sol.
De lá para cá, a triplicou paticipação no mercado nacional de cervejas ‘premium’ para 16%, dobrou a capacidade de produção para 3 milhões de litros ao ano e baixou pela metade o índice de rejeição, em torno de 5%. Em um ano, a participação de mercado da cerveja passou de 7,8% para 8,8%, o que significa R$ 420 milhões a mais nos cofres da companhia.
A categoria ‘premium’ representa hoje 4,7% de um mercado cervejeiro que produz 13 bilhões de litros e fatura cerca de R$ 62 bilhões por ano no Brasil. O preço é um elemento que separa as premiuns das demais. Segundo dados da Nielsen, o preço da Heineken ficou 37% acima da média das cervejas comuns, em 2012.
O Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, atrás dos EUA e da China, e o mercado cervejeiro representa 1,7% do PIB nacional.
Campeões
Em termos de marketing e campanhas, a Heineken é uma espécie de Absolut das cervejas, aumentando a cada ano sua participação como produto especial no consumo de bebedores cada vez mais jovens.
É a patrocinadora da Liga dos Campeões da Uefa, a mais importante competição de clubes do mundo. Por isso, como bem lembrou Leonardo Botto em conversa recente, vem há anos marcando presença intensa nos principais videogames de futebol adorados por adolescentes, os consumidores do futuro.
A verdinha de matriz holandesa está também em eventos musicais como o Rock in Rio e o SWU.
E no último filme de James Bond, Operação Skyfall, a garrafinha verde ofuscou os célebres martinis de 007, surgindo nas mãos do agente secreto vivido por Daniel Craig, após uma noite de amor à beira-mar.
Fontes de consulta: Associação Brasileira da Indústria da Cerveja, e reportagens publicadas nos jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, e na revista Istoé Dinheiro.
Fotos reproduzidas da internet. A foto de abertura é de Pedro Landim.
Leia aqui a primeira parte do Confronto: as diferenças nos processos de produção.